“Proteção Civil no Feminino” foi o tema da tertúlia organizada pelo Município de Cantanhede para assinalar o Dia Internacional da Mulher na data desta efeméride, a 08 de março. Durante a sessão realizada no salão nobre da autarquia, quatro mulheres que se têm afirmado em diferentes domínios da Proteção Civil deram testemunho da sua experiência pessoal e pronunciaram-se sobre os desafios inerentes à condição feminina no desenvolvimento de uma carreira nesse âmbito.Na abertura da sessão, a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, começou por manifestar o desejo de o Dia Internacional da Mulher não ser comemorado, “pois isso significaria que muitas mudanças, as mudanças necessárias ao nível dos direitos das mulheres, teriam ocorrido. Infelizmente ainda não é uma efeméride em que só se fale do passado, visto que, atualmente, ainda há imensas situações a corrigir nas sociedades ocidentais e, sobretudo, há um longo caminho a fazer em certas sociedades onde as mulheres são vítimas de violências inomináveis”, lamentou a autarca.Os presentes na sessão ouviram depois os testemunhos de Lígia dos Santos, da Divisão de Comunicação e Relações-Públicas da GNR, Sara Vilão, do INEM - Unidade de Planeamento de Eventos, Protocolo de Estado e Gestão de Crises, Sandra Ângelo, da Companhia dos Bombeiros Sapadores de Coimbra, e Maria José Pires, dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede.Um dos temas recorrentes nos depoimentos foi a questão da maternidade, que segundo as intervenientes condiciona a carreira profissional das mulheres. Sara Vilão partilhou a sua experiência para dizer que “efetivamente a maternidade condiciona muito a nossa vida profissional. Eu decidi dar primazia à educação do meu filho e, portanto, tive de sacrificar a carreira, mas não me sinto inferiorizada com nada disso, foi a opção natural de quem queria muito ser mãe”, afirmou a também médica legista.Por seu lado, Lígia dos Santos, chefe da Divisão de Comunicação e Relações-Públicas da GNR, referiu que nunca se sentiu discriminada por ser mulher e também que o facto de ser mulher nunca condicionou a sua progressão na carreira.Maria José Pires, bombeira em Cantanhede com mais de 25 anos de serviço, pertenceu à primeira escola de estagiários aberta à participação de mulheres, continua no ativo e afirmou que nunca deixou de cumprir com as suas obrigações por ser mulher e que nunca se sentiu condicionada por isso.Já Sandra Ângelo contou a sua experiência nos Bombeiros Sapadores de Coimbra e do treino árduo que teve de fazer para ser admitida num concurso – ficou em sexto lugar entre 33 homens – em que foi uma das duas primeiras mulheres a entrar naquela equipa operacional.Também comum às participantes da tertúlia foi a ideia de que o reconhecimento pleno dos direitos das mulheres tem a ver com a evolução cultural e a constatação de que continuam a persistir histórias trágicas de mulheres que estão dependentes financeiramente dos homens, fator que favorece a violência doméstica e outro tipo de abusos.“Estes dias não só nos apelam para falar daquilo que aconteceu, ao longo dos anos, mas também refletir sobre o dia de hoje e pensar no que queremos e devemos fazer no futuro para que as mulheres não sofram qualquer tipo de discriminação”, concluiu Helena Teodósio.