O Município de Cantanhede assinalou o Dia Mundial do Turismo (27 de setembro), com uma conferência da professora universitária Dina Ramos sobre “O Turismo Enquanto Fator Dinamizador dos Territórios”.Perante uma assistência que esgotou os lugares disponíveis na Biblioteca Municipal, aquela investigadora abordou o projeto Gândara Tour Sensations, “um estudo orientado para a promoção da salvaguarda do valor patrimonial de uma arquitetura tradicional que contribui para a identidade dos territórios, como é o caso da Casa Gandaresa nos Municípios de Cantanhede, Mira e Vagos”.Abriu a sessão o o vice-presidente da autarquia, Pedro Cardoso, que enalteceu a iniciativa da equipa de turismo da Câmara Municipal, destacando “a pertinência do tema da conferência neste tempo em que estamos confrontados com a necessidade de refletir sobre o nosso território e o seu carácter diferenciador”.“Num mundo cada vez mais globalizado, temos de saber mobilizar e gerir potencialidades e recursos locais”, referiu o autarca, lembrando que “Cantanhede dispõe de um elevado potencial turístico nas suas três regiões naturais – a Gândara, a Bairrada e o Baixo Mondego – cuja riqueza e diversidade são extraordinárias”.O autarca abordou também a importância do projeto Gândara Tour Sensations, sublinhando que “a Casa Gandaresa não é apenas arquitetura que queremos preservar pelo seu valor patrimonial, é também e sobretudo um importante fator da identidade das nossas comunidades”.Dina Ramos fez depois uma exposição dos pilares do trabalho que coordenou com o professor Carlos Costa, da Universidade de Aveiro, no âmbito do qual se procedeu “à identificação de 3.642 casas gandaresas com potencial para serem recuperadas, das quais 1.493 só no concelho de Cantanhede”.Estruturado em quatro pilares – Património e Arquitetura Vernacular, Territórios Rurais, Comunidade e Turismo – “o estudo incide sobre aspetos como identidade territorial, binómio património e turismo, valorização económica e social, economia circular e sustentabilidade, materiais e técnicas construtivas e importância das associações e grupos etnográficos, entre outros”.Segundo a conferencista, os três municípios envolvidos “estão empenhados em criar condições favoráveis ao investimento na recuperação da casa gandaresa e fizeram até algumas diligências nesse sentido, sendo certo que a concretização de alguns dos objetivos enunciados no projeto Gândara Tour Sensations passa muito pela existência de incentivos”.De resto, no debate que se seguiu à conferência, houve uma convergência de posições sobre a necessidade de serem criados incentivos tendentes a estimular os proprietários das casas gandaresa a apostarem na reabilitação, desde logo ao nível da isenção de taxas, mas também pela criação de um regime especial para o IVA em obras de recuperação, à semelhança do que acontece nas habitações localizadas nas ARU – Áreas de Reabilitação Urbana, ou mesmo pela criação de um sistema de apoio financeiro direto como acontece com alguns tipos de arquitetura tradicional com valor patrimonial.Com Doutoramento e Pós-Doutoramento em Turismo com foco nas zonas de baixa densidade demográfica, Dina Ramos é professora universitária na área de Gestão e de Turismo, é investigadora do Centro de Investigação da Universidade de Aveiro no grupo de Turismo e Desenvolvimento. É coordenadora o projeto Gândara Tour Sensations com o professor Carlos Costa em representação da Universidade de Aveiro, tem vários trabalhos de orientações e coorientações de mestrados e MBA na área do Turismo e gestão, apresentou várias comunicações em conferências nacionais e internacionais, entre outros.