Cadima celebrou 500 anos da outorga da Carta de Foral

Em Cadima viveu-se uma autêntica viagem no tempo. Em 23 de agosto, completaram-se 500 anos que o Rei D. Manuel I assinou a outorga de Carta de Foral ao povoado que está na origem de uma das mais importantes comunidades do concelho, o que levou o Município de Cantanhede e a Junta de Freguesia a estabelecerem uma parceria para celebrar devidamente o acontecimento num programa que tem tradução prática em várias ações evocativas.

Na sexta-feira, 22 de agosto, às 21h00, um arauto trajado a rigor e investido no papel de emissário do rei anunciou a emissão do diploma que no século XVI conferiu reconhecimento régio ao território que viria a estar na origem da freguesia. O cenário foi a zona envolvente da antiga escola primária de Cadima, espaço público que, na sequência de uma intervenção urbanística de fundo promovida pela Câmara Municipal, ficou devidamente integrado no Largo Central da localidade, e que foi inaugurado pelo presidente da autarquia, João Moura.

Depois da inauguração, regressou-se à celebração dos 500 anos do Foral Manuelino de Cadima, que prosseguiu no interior da antiga Escola Primária com uma conferência da Professora Doutora Maria Alegria Marques, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e autora do estudo que dá enquadramento histórico à determinação do monarca venturoso, cuja versão fac-similada está reproduzida no livro editado a propósito pela Câmara Municipal, à semelhança do que aconteceu com as cartas de foral de Cantanhede e Ançã.

No final da sessão, a envolvente ao estabelecimento de ensino desativado foi palco de um Torneio de Armas. Este tipo de evento remonta à Idade Média e tornou-se muito popular ao longo dos séculos, atraindo multidões para os duelos de cavaleiros a recriar algumas das situações vividas nas batalhas com diferentes tipos de equipamentos militares.     

No sábado, 23 de agosto, o centro de Cadima continuou a viver uma intensa atmosfera seiscentista com uma reconstituição histórica em torno dos 500 anos do Foral Manuelino de Cadima, através da encenação de atividades e práticas da vida daquele tempo pela Viv`arte, companhia de teatro especializada na composição de cenas do quotidiano de épocas ancestrais. A partir das 15h00, regressou o Torneio de Armas, que decorreu num ambiente marcado por quadros alegóricos do século XVI dinamizados por associações locais, bem como uma exposição renascentista, música e dança da época, malabaristas e outras figuras características.

A partir das 20h00,foi tempo de aproveitar “Cousas de Comer e Beber” num convívio aberto à participação da população, que pode degustar os sabores daquele tempo nas sopas e assados, acompanhados de “vinho branco e vermelho”, ao som do grupo de música medieval Bailias.  

Assim terminou a primeira jornada das comemorações dos 500 anos da outorga da Carta de Foral a Cadima, estando previstas várias outras ações, a primeira das quais em 11 de Setembro, com uma conferência da Professora Doutora Margarida Sobral Neto sobre os 400 anos da Cópia do Foral Manuelino de Cadima mandada fazer por El Rei D. Filipe II, em 1614, seguida da recriação de um Auto de Fé pelo Grupo Bombarda.  
Incluída no programa está ainda, no dia 28 de setembro, a celebração do Centenário do Nascimento do Padre Manuel Francisco Rumor (23/09/1914), com missa, o descerramento de uma placa comemorativa, uma palestra de Ana Teresa Teodósio sobre a vida e obra do sacerdote, um concerto da soprano Carla Caramujo e a atuação da Filarmónica de Covões.

Para 24 de outubro está agendada uma conferência do arqueólogo Guilherme Cruz sobre “Testemunhos da Ocupação das Terras de Cadima: Evidências Arqueológicas no Monte Pelício – Casal de Cadima”, a que se seguirá uma outra do investigador local Manuel de Oliveira sobre “A Ocupação do Território e a sua Influência nas Tradições Cadimenses”.

As comemorações dos 500 anos do Foral Manuelino de Cadima terminarão, em data a anunciar, com a realização de um cortejo seiscentista, o descerramento de uma placa evocativa e uma ceia renascentista no Largo de Cadima. A celebração da efeméride insere-se num programa mais vasto que a Câmara Municipal vai levar a cabo nos próximos meses, em parceria com a União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, a Freguesia de Ançã, a Freguesia de Cadima, para honrar as respetivas cartas de foral como património estruturante da identidade das três comunidades a que dizem respeito.