Um dos basilares objetivos da constituição do Prémio Literário Carlos de Oliveira é prestar um merecido tributo a um dos mais importantes escritores portugueses da última metade do século XX, partindo do reconhecimento de que a sua obra poética e ficcional possui uma dimensão estética e um valor comunicativo que contribui decisivamente para projetar a essência da identidade sociocultural da Região da Gândara, cuja obra literária ajudou a fixar e a divulgar.

Da leitura da obra de Carlos de Oliveira é possível entender que a Gândara representa também um conceito, uma ideia estruturada em torno de um certo imaginário coletivo que emerge da paisagem povoada entre as nuances cromáticas dos milheirais, dos vinhedos e da floresta, até chegar ao mar.
Dessa última fronteira gandaresa sobressai o odor intenso a maresia nas praias de areal macio que se escondem atrás das dunas que protegem as terras de cultivo, sempre mais generosas no interior que no litoral da Região.

Reportando à vida que, num tempo não muito longínquo, se desenrolava nesses cenários, o universo literário de Carlos de Oliveira permite revisitar a Gândara profunda e compreender o modo como evoluíram as antigas formas de organização social em aspetos como a família, o trabalho ou as tradições populares. E sobretudo testemunhar o labor e dedicação das gentes gandaresas na transformação de um território árido e inóspito em terrenos agrícolas, férteis, povoando, plantando, melhorando e sobretudo fixando as suas famílias e constituindo estes lugares, aldeias vilas e cidade.

Ao longo destes anos têm sido inúmeras as iniciativas em que o Município tem participado e tem concretizado para expressar, preservar, promover e divulgar este legado cultural de suma importância. Traduzidas numa ampla rede de interação e colaboração com pessoas, instituições, centros de formação, estabelecimentos de ensino, autarquias, a vida e sobretudo a obra de Carlos de Oliveira continua a despertar e a motivar interesse em aprofundar o seu estudo. Visitas guiadas ao universo referencial e territorial da Gândara; exposições temáticas; o acolhimento de parte do espólio particular; a aquisição e reabilitação da Casa Carlos de Oliveira, em Febres; o apoio à edição de obras académicas e ensaísticas centradas neste grande escritor; a coorganização de colóquios manifestam a clara disposição e a ação que o Município de Cantanhede tem materializado a afirmação desta grande figura, que consta das personalidades ilustres que figuram no salão nobre dos Paços do Concelho, pessoas que pelos seus feitos se distinguem na afirmação e distinção do Concelho de Cantanhede.

1.ª edição – Prémio entregue em 2005

A primeira edição do certame foi o resultado de uma frutuosa parceria entre o Município de Cantanhede e o então Centro de Estudos Carlos de Oliveira, que teve por interlocutores e fervorosos impulsionadores Idalécio Cação, escritor recentemente falecido, e António Castelo Branco. As obras submetidas a concurso, de acordo com as normas regulamentares fixadas, tinham que orientar a temática dos seus trabalhos para a região da Gândara.

Júri: João Moura, Vereador da Câmara Municipal de Cantanhede; Idalécio Cação, em representação do C.E.C.O. – Centro de Estudos Carlos de Oliveira; Ana Paula Arnaut, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Luís Serrano, docente na Universidade de Aveiro.

Obra vencedora: Quase Tudo Nada, de Arsénio Mota, natural de Bustos, concelho de Oliveira do Bairro, autor multifacetado, cujo intenso percurso biobibliográfico abarca a poesia, o conto, a narrativa, o jornalismo, a crónica, a tradução, a edição e a literatura infanto-juvenil. Duas menções honrosas: Parede de Adobo de João Carlos Costa da Cruz, distinto escritor do concelho, e Visões do Azul, de Emília Ferreira.

2.ª edição – Prémio entregue em 2009

Com a extinção do C.E.C.O. – Centro de Estudos Carlos de Oliveira, e em estreita articulação com Ângela de Oliveira e seus familiares, o Município assumiu a organização e dinamização de todo o certame a partir desta segunda edição.

Júri: Pedro António Vaz Cardoso, Vereador do Pelouro da Cultura, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede; António Apolinário Lourenço, em representação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Osvaldo Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; Arsénio Mota, personalidade do meio literário convidado, e Cristóvão de Aguiar, representante da Associação Portuguesa de Escritores.

Obra vencedora: O Novíssimo Testamento, de Mário Lúcio Sousa  – Ministro da Cultura de Cabo Verde de 2011 a 2016.
Duas menções honrosas: Rendição e Trevas, de Nuno de Figueiredo e Ao Compasso da Noite, de Ricardo Augusto Sanguinho de Jesus.



3.ª edição – Prémio entregue em 2013

Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; António Pedro Couto da Rocha Pita, em representação da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.


Obra vencedora: Crime e Revolução, do historiador e escritor brasileiro Carlos Roberto da Rosa Rangel.
Duas menções honrosas: Por Quem Choram as Pedras, de João Paulo Medina da Silva (Portugal), e A Montanha, de Carlos Alberto Bernardo Machado (Portugal).

4.ª edição – Prémio entregue em 2016

Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; José Manuel Mendes, Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.
Obra vencedora: A estrambótica aventura do senhor Martius Von Gloeden, da autoria de Carlos Roberto Loiola. Natural da cidade de Pouso Alegre, no estado brasileiro de Minas Gerais, Carlos Roberto Loiola é Juiz de Direito em Belo Horizonte e A estrambótica aventura do senhor Martius Von Gloeden assinala a sua estreia como romancista.

Uma menção honrosa: “O Sebo”, da autoria de Geraldo Osorio Leite de Andrade, natural de Pernambuco, Brasil



5.ª edição – Prémio entregue em 2019

Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; José António Gomes, em representação da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.

Obra vencedora: A Epopeia do Espírito Santo, da autoria de António Breda Carvalho, natural da Mealhada, professor do ensino básico no Agrupamento de Escolas da Mealhada, com vasta obra literária editada, além de estudos regionais.


Conteúdo atualizado a 16.04.2021