Médico, Político, Intelectual e Historiador
1884-1960

Jaime Zuzarte Cortesão nasceu em Ançã a 29 de abril de 1884. Foi médico, político e deputado, militar, professor, pedagogo, historiador, etnógrafo, bibliotecário e documentalista, além de escritor, poeta e dramaturgo. Com uma vida intensa e multifacetada, distinguiu-se em todas as atividades em que se envolveu. Foi autor de vários livros, dirigiu a Biblioteca Nacional e esteve na origem da fundação das revistas Nova Silva, A Águia, Renascença e Seara Nova.

Eleito deputado pelo Porto para a Legislatura de 1915/1917, defendeu a participação de Portugal na Primeira Grande Guerra. Apesar de nessa altura não exercer medicina desde 1912, partiu como voluntário para a frente de batalha na Flandres, na qualidade de capitão médico miliciano. A sua atuação no teatro de operações valeu-lhe uma condecoração com a Cruz de Guerra. Depois da sua participação no movimento revolucionário 3 de fevereiro de 1927 contra a ditadura, foi obrigado a exilar-se, inicialmente em Espanha, Itália, Inglaterra e França, após o que se fixou no Brasil. Aí se distinguiu no ensino universitário como especialista em História dos Descobrimentos Portugueses, cuja obra homónima é uma referência da historiografia portuguesa, e em Formação Territorial do Brasil.

Em 1952, organizou a Exposição Histórica de São Paulo, para comemorar o quarto centenário da fundação desta cidade que, cinco anos mais tarde, viria a atribuir-lhe o título de Cidadão Benemérito. Regressado a Portugal em 1957, envolveu-se na campanha da candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República e foi preso um ano depois, acabando por ser libertado na sequência de uma vigorosa campanha de protesto na imprensa brasileira. Faleceu a 14 de agosto de 1960, tendo sido agraciado, a título póstumo, com a Grande-Oficial da Ordem da Liberdade (1980) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1987).

"Terra de Cantanhede
Terra para mim sagrada, porque foi terra natal.
Terra de Dunas e lagunas, de gândaras e pedreiras,
Das suas entranhas nasceu o calcário branco de Ançã
Que tocado pelo cinzel, se tornou renda de pedra ou santo votivo,
Adorado nos mosteiros ou nas capelinhas do nosso Portugal.
Quantos, adorando o Santo, não estavam adorando a terra em que nasci?"
                                                                    Discurso proferido em Cantanhede a 11 de maio de 1958.

Personalidades

Conteúdo atualizado a 14.01.2021